LIVRO ZEN ORIGAMI

Mandalas in action integrantes do LIVRO "ZEN ORIGAMI" no qual estou trabalhando.

19 julho 2020

QUAL O SEU CHÁ PREFERIDO?

QUAL O SEU CHÁ PREFERIDO?

Xícaras são uma paixão antiga,  eu pretendia há muito tempo criá-las em papel e tinha certeza de que chegaria o momento, mas imaginava que esse projeto aconteceria lá na frente, num lugar chamado futuro (e esse lugar existe?)
Embora já houvesse criado algumas em papier machê que integraram Mil Vezes Papel, minha individual de 2015 no Instituto Cultural Germânico, a idéia ficou guardada num cantinho da memória, acalentada pela certeza de que em algum momento um papel chegaria plano às minhas mãos e pouco depois estaria transmutado em  xícaras de origami.
No início de minhas incursões nas dobras, comecei com modulares. Amava dobrar milhões de módulos idênticos e depois montar com eles um único modelo.  Mas no processo do trabalho com papel, isso foi mudando. Até mesmo dobrar o outro pé de um par de sapatos, muitas vezes acaba dando espaço a  criação de um outro modelo.  Não gosto mais de repetir, ou minhas mãos não gostam, ou o papel tem vontade própria de ser outro e eu simplesmente me entrego. Além disso, para mim o minimalismo  tem sido um convite, um desafio e um prazer.  Percebo desde cedo uma identidade grande com aquilo que remete ao feminino: formas contenedoras como caixas, vestidos e outros modelos com espaços internos para acolher. E assim escutei o chamado das  xícaras.
Não diria que é exatamente uma escolha. Eu pego o papel e simplesmente são essas as formas que acontecem. Durante a quarentena, estou longe de todo o meu vasto material de trabalho(e cheia de saudades)  e então,  simplificar, minimizar e aproveitar o possível tem me alinhavado os dias.
A xícara  e o pires acima foram criados  com filtro reaproveitado de café, entre outros papéis que tenho por aqui. 
Mas foi imediatamente antes de criar a primeira que me deparei meio ao acaso (!?) , com um trabalho sobre plantas que acendeu em mim o velho amor pelos aromas e pelos chás. Já passei anos de minha vida abrindo sem pudeores embalagens de cosméticos para colar o nariz e inspirar o perfume do que continham  e curtindo chás diariamente quase como um ritual. 

Chás saborosos, perfumados, terapêuticos, colhidos do quintal à beira-rio quando eu morava no vale. 
Hoje, o cheiro dos chás me remete sempre àquele período mágico de morar tão próxima da natureza, seus silêncios, suas pausas, seus cheiros e estações. Há alguns dias atrás eu havia comprado camomila (= matricaria =útero)  para retomar o hábito dos chás noturnos, e então cheguei  na Palmira Margarida e sua relação sensorial e muito sensível com  as plantas, começando o trabalho dela justamente pela camomila! Naquela mesma noite, senti que havia chegado o momento - fiz o chá o chá e comecei a produção que estava em suspenso dentro de mim, apenas esperando para brotar.


 Um chá? 










Nenhum comentário:

Postar um comentário