Passei o final de semana entre vida mansa e céu azul, preparando papéis, experimentando cores, tintas e texturas. Quem trabalha com esse material, sabe a gama incansável de possibilidades e universos a explorar. Admiro os discretos tons nude nos lindíssimos trabalhos do menino Falk que ficam perfeitos em tudo o que ele faz, mas eu amo cor. O resultado da pesquisa me lavou a alma: movida por pura paixão, a vontade é de não parar mais, ir além e ainda além, mas agora.... é hora de trabalhar com esses papéis. Bora lá...projetos novos me chamam! E como uma grávida plena de sonhos prestes a nascer, já pressinto outra gravidez pulsando em espera.
"Deixei um arco-íris no chão de tua casa
e como fosse cedo, ainda manhã,
o dia passou assim:
todo líquido e claro
na concha das mãos.
Amarelo e luz
por onde percorriam nossos passos
enquanto uma pipa prata singrava o céu.
Deixei um arco-íris lá
e o coração carmim
quando saímos da rede
balançando - vento, brisa e movimento.
Ficou um arco-íris de poemas
com todas suas cores esparramadas,
aquecidas, respingadas.
- convite para mais e mais.
A tarde bergamota
subtituiu a rósea atmosfera
até que a noite deitasse seus afetos
sobre os verdes temperos de teu jardim:
alecrim, alfazema
e o cheiro de dama-da noite perfumando o ar.
Lua crescente em fundo anil e azul.
Escorri para o travesseiro dos teus braços
e adormeci liláses sonos
tecidos em névoas coloridas, irisadas.
E sonhando a alegria de estar
entre o riso de teus olhos
e o branco-nuvem de teus cabelos...
acordei úmida de tantas aquarelas.
Deixei um arco-íris no chão de tua casa..."
(Poema Policromático - Márcia Krone)
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