LIVRO ZEN ORIGAMI

Mandalas in action integrantes do LIVRO "ZEN ORIGAMI" no qual estou trabalhando.

19 fevereiro 2013

VERA

Parece até que sou especialista em cestas, mas não: sequer tenho preferência consciente pelas mesmas, mas - elas acontecem... Essa, chega em um momento de profunda saudade e portanto, é uma homenagem à amiga que partiu.
Vera era dessas pessoas abençoadas por uma sabedoria de vida que tinha muito a ensinar. A "última grande lição", foi nas visitas que fiz a ela no hospital, enquanto se preparava para uma cirurgia cardíaca, que infelizmente culminou em óbito. Ao chegar no C.T.I. para vê-la, encontrei-a com excelente aparência e as bochechas muito coradas. Perguntei a respeito e ela confessou que havia levado blush quando se internara e se maquiava diariamente, mesmo sem espelho!
Agora, escrevendo assim para quem não a conheceu, pode parecer extremamente fútil, mas isso é absolutamente o inverso do que Vera foi durante toda a vida. Poderia ter esbanjado e aproveitado muito, mas tinha valores extremamente simples, necessidades mínimas e um estilo de vida frugal. Supérflua é tudo o que ela não era.
Maquiou-se para que a equipe de enfermagem e os visitantes, tivessem uma impressão agradável ao entrar no quarto. Era essa a preocupação. Não necessariamente em "ser querida" - ela dizia o que tinha a dizer em bom tom quando preciso e era dura 'as vezes -  mas havia um movimento natural em agradar, acolher, ajudar.
Ao sair para  a visita, uma amiga me disse:
 "-Fale com ela apenas coisas agradáveis, para animá-la."
Mas nem precisava isso: lá estava ela, maquiada e contando casos, falando sobre as pessoas que conhecíamos em comum e  me fazendo rir. Muito. Falou tantas coisas engraçadas que quem não soubesse, jamais poderia imaginá-la no C.T.I. 'as vésperas de uma cirurgia.
Apesar da delicadeza do momento, vou sempre lembrar das visitas como uma pausa para muito riso, porque é assim que foram.
Ela saía pouco,falava bastante, raramente pedia algo e era completamente apaixonada por cachorros, principalmente os de rua, que tantas vezes ajudou.
A cesta Vera foi dobrada em papel com estampa leve alegre -  tentei, nas formas e no colorido, expressar um pouco de seu jeito de ser. E na abertura da cesta, representar o abraço, não necessariamente físico, mas o da atitude que acolhe, protege e se preocupa.
Ela dividiu comigo a dor num momento em que a alma quase se rompeu e ficava genuinamente alegre com minhas conquistas. Vou sentir uma falta danada, muita saudade, mas vou me esforçar para ficar com o jeito prático de encarar a vida, com a fé inabalável que ela tinha, com uma história engraçadíssima que eu sempre pedia a ela para repetir quando a apresentava a novas pessoas e sobretudo com a capacidade de rir, mesmo em situações de vulnerabilidade. 
Tutorial:



Pra você, minha amiga, com meu coração e o pedaço de mim que sua ausência levou.

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