LIVRO ZEN ORIGAMI

Mandalas in action integrantes do LIVRO "ZEN ORIGAMI" no qual estou trabalhando.

08 junho 2014

FIQUE À VONTADE

Estou adorando as fotos dos trabalhos que tem chegado dos participantes do "InfinitOrigami"que já enviaram suas criações  para o projeto  Giramódulo. Em breve vou publicar,mas enquanto isso, divido com vocês mais coisas deliciosas acontecendo entre o céu e a terra...
bem, aí, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) que já foi palco para um evento iluminado há alguns anos: "Um origami para Niemeyer"
Foi no final de tarde de 07 de junho a abertura da exposição "Fique à vontade", de Ricardo Pimenta, com curadoria de Luiz Guilherme Vergara, que está em exibição até dia 06 de julho de 2014. Acho que vale conferir de perto! A atmosfera, toda, mágica começou desde a iluminação externa, numa sucessão de boas surpresas!
Foto do dia anterior, com a mostra ainda sendo montada na varanda
entre duas outras  que aconteciam simultaneamente em outras áreas do Museu. 
Acima, Ricardo Pimenta, artista niteroiense que teve a iniciativa de criar um mosaico com obras de diferentes artistas, uma idéia singular e de imensa generosidade, permitindo o diálogo entre produções de artistas de renome internacional e amadores. E ainda regeu a montagem e execução com extrema delicadeza, elegância e bom humor.
Foi uma alegria quando abri o convite que recebi do MAC para participar da exposição, mas custei a vê-lo e restavam apenas 24 horas para a entrega do trabalho quando descobri que havia sido chamada...no caso, 24 horas para criar o trabalho, já que estava decidia a participar, mas não com algo que eu já tivesse pronto - buscava algo produzido especialmente para essa ocasião.


Originalmemente, a idéia era um origami que comecei a executar à noite e o queria com um visual solto, onde os visitantes pudessem estabelecer  uma relação espacial, aérea. Seria amplo, livre, dinâmico, mas soube que não era possível pendurar nenhuma das obras no teto com eu planejara e  que elas seriam expostas apenas nas paredes. 
Eu tinha então apenas um projeto de construção que envolvia: tridimensionalidade, destaque para alguma forma circular e questionamento. Pela manhã, querendo muito participar, e o origami não tendo chegado a uma resolução que me satisfizesse,  resolvi criar outra obra. 
Não havia tempo para providenciar material, era preciso usar o que havia disponível. E assim nasceu: "Brasil. Fique à vontade". Toda feita em material tirado do lixo que garimpei em lugares variados, pensando em dar a eles um destino diferente. A pequena árvore já  seca ao ser  recolhida e de raízes flutuantes, trouxe  a inspiração que tive para a composição. 
Gosto da idéia de trabalhar com materiais muitas vezes imperceptíveis e desvalorizados, mas que dentro de um contexto inovador podem ganhar vida e relevância. Me faz pensar o quanto convivemos com as coisas de modo a ignorá-las por sua exposição cotidiana. O lixo, acaba não surpreendendo,  mas uma vez resgatado de seu lugar de descaso e ganhando um tratamento que lhe permita outra aparição, ele fica investido da idéia de aproveitamento. 
O único objeto sem uso anterior que integra a obra, é o fio que sustenta as bandeirinhas verdes e amarelas. Fio também metafórico que apoia o elemento do quadro que  - na passagem da galeria - ao vento se movimenta. Verde-amarelo do país que amo; hoje, quase sem florestas, mas resistindo!
Também garimpada  das ruas,  a moldura serviu como aparador, que abraça sem a sensação sufocante do enquadramento e complementa. E dialoga com a árvore morta, num intenso azul estrelado porque minha terra maltratada apesar de tudo, transpira esperança.
As bandeirinhas,presentes nas festas juninas do interior do Brasil,  no quadro figuram com recortes de jornal trazendo os discursos desses dias: "à flor da pele", "eu queria tanto falar das coisas boas do Rio", "tempos preocupantes", "diversidade e inclusão", "um Rio para gringo ver", "produção cultural", "tensão pré copa", "desfalque", "arte"...E à esquerda, no alto, um origami que já publiquei aqui há algum tempo: "Flores raras".
Tão fundamental quanto a vista panorâmica que o MAC permite, é exatamente a sensação de liberdade e acolhimento que oferece. Eu me sinto no quintal de casa! 
Sempre.

Então, o nome da exposição não poderia ser mais adequado: "Fique à vontade".

Levando-se em consideração que essa coletiva reuniu mais de quatrocentos artistas,   o conjunto  das obras oriundas de universos extremamente diversificados,  não produz poluição visual ou alguma confusão; ao contrário, desperta um prazer estético inenarrável.

"Que o AFETO seja a motivação ética para inaugurar nesta varanda um acontecimento de solidariedade poética pela aproximação coletiva de diferentes mundos e vidas da arte." 
Luiz Guilherme Vergara




Abaixo, algumas das obras que integram a mostra. O nome dos artistas foi colocado em listagens separadas à cada passagem e portanto, não pude saber a quem pertence cada um. Se conhecer algum específico, por favor, cite o nome da obra e do artista para serem publicados junto à foto.













Lúcia Henley  numa marítima, com óleo sobre tela:
Também expondo composições com  origamis, Tânia Santanna e Conceição Barros. Grata surpresa!








Bom gosto, discrição e momentos variados do real integram o trabalho de Márcia Campos. é impossível não ficar à vontade, né?



















Mas a exposição não aconteceu sozinha: foi com boas companhias, ou melhor, excelentes. No Salão Central, um diálogo com todo o entorno na mostra "O Brasil é meu abismo", do pernambucano Daniel Santiago.
Para dar uma idéia da grandiosidade do espaço e da variedade de intervenções de sua obra, uma filmagem exibida na outra sala, convidando à reflexão.
Referência na arte contemporânea, o artista fez a abertura com  performance próxima ao espelho d`água.
No chão, grandes recortes de letras convidando a brincar. 
"Quero mostrar que a poesia é a atividade humana mais incompreensível."
 (Daniel Santiago)


"


E no Pátio, a instalação de Marcos Duarte, com 11 tatus-bola esculpidos em madeira de uma única árvore caída após um temporal. 
Brasil, quanto restará de ti?
 "...É preciso andar pela rua
e não estar sentindo dor alguma, 
nem cansaço, nem fome nem medo
nem sapato apertado.
Saudade pode."
(Daniel Santiago)





Beleza por todos os lados!


Um comentário:

  1. Que passeio delicioso! Viajei nas artes...Parabéns, seu trabalho ficou lindo!

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